As variações cambiais representam alterações no valor de uma moeda em relação a outra, afetando diretamente a contabilidade de empresas que realizam transações internacionais. Esses impactos podem ser positivos ou negativos, dependendo da valorização ou desvalorização da moeda estrangeira no momento da liquidação.
No regime de caixa, as variações cambiais são registradas apenas quando ocorrem transações financeiras efetivas. Já no regime de competência, elas são contabilizadas conforme os dados em que a transação ocorre, independentemente do impacto imediato no caixa.
Há duas categorias principais de variação cambial:
- Variação Cambial Ativa (Ganho): ocorre quando a taxa de câmbio da moeda estrangeira aumenta, valorizando os ativos em moeda estrangeira em relação à moeda local.
- Variação Cambial Passiva (Perda): acontece quando a taxa de câmbio da moeda estrangeira diminui, diminuindo o valor dos ativos em moeda estrangeira em relação à moeda local.
As empresas que operam com moedas estrangeiras devem apurar as variações cambiais, no mínimo, mensalmente. Antes de registrar qualquer liquidação — seja total ou parcial — é importante apurar a variação cambial ocorrida entre os últimos dados de apuração e os dados de liquidação.
Na liquidação, alguns detalhes devem ser analisados:
- Coluna “Principal em R$“: informa o valor resultante da multiplicação do montante liquidado em moeda estrangeira pela cotação do dólar na data da liquidação.
- Variação Cambial Ativa (VCA) e Variação Cambial Passiva (VCP): registram-se as variações cambiais ocorridas entre a data de início e a data de liquidação (total ou parcial) da operação.
- Apuração da Variação Cambial Liquidada: para calcular, multiplica-se o valor liquidado em moeda estrangeira pela diferença entre (1) a cotação da moeda estrangeira na data da liquidação e (2) a cotação da moeda na data de início da operação.
O controle rigoroso dos valores apurados é essencial para determinar corretamente o imposto de renda com base no lucro real. Esse controle é registrado no Lalur (Livro de Apuração do Lucro Real).
1. Contabilização no Regime de Caixa e Competência
O regime contábil adotado influencia como a empresa registra as variações cambiais:
Regime de Caixa: as variações cambiais são registradas somente quando ocorre a liquidação. Isso simplifica a contabilidade, sendo que:
- Variação Cambial Ativa Não Dedutível: ganhos de variação cambial não realizados, não dedutíveis para fins fiscais.
- Variação Cambial Passiva Não Dedutível: perdas de variação cambial não realizadas, também não dedutíveis.
Regime de Competência: as variações cambiais são registradas na data de ocorrência da transação, independentemente da liquidação financeira:
- Variação Cambial Ativa: registrada no momento em que a valorização da moeda estrangeira é constatada, afetando o resultado financeiro.
- Variação Cambial Passiva: registrada para desvalorizações, impactando a contabilidade de modo mais imediato.
2. ECF e tratamento de variações cambiais realizadas e não realizadas
Na Escrituração Contábil Fiscal (ECF), as Partes “A” e “B” do Lalur têm funções específicas para o controle e ajuste de lucros e prejuízos com base no lucro real:
Parte A: usado para ajustes temporários e permanentes no lucro, ajustando-o ao lucro real tributável, base do cálculo do Imposto de Renda e CSLL.
- Adições: aumento do lucro tributável, como uma variação cambial passiva (perda cambial) não realizada que precisa ser adicionada na Parte A.
- Exclusões: controle do lucro tributável, como uma variação cambial ativa (ganho cambial) não realizada, ajustando o lucro tributável.
Essas adições e exclusões afetam o lucro real apenas enquanto duram os efeitos das variações.
Parte B: controla ajustes com efeitos futuros ou diferidos, como compensações de prejuízos fiscais, deduções, ou acréscimos ao lucro em exercícios futuros, funcionando como uma “memória” para monitorar esses ajustes ao longo dos anos.
Ao vincular variações cambiais na Parte B, a empresa garante que poderão ser recuperadas ou compensadas em futuras apurações fiscais.
A ECF exige tratamento diferenciado para variações cambiais realizadas e não realizadas:
- Variação Cambial Passiva Não Realizada: deve ser adicionada na Parte A (vinculando conta contábil e Parte B).
- Variação Cambial Ativa Não Realizada: exclui-se na Parte A (vinculando também conta contábil e Parte B).
- Variação Cambial Passiva Realizada: excluída na Parte A, com vinculação na Parte B.
- Variação Cambial Ativa Realizada: deve ser adicionada na Parte A, vinculando-se à Parte B.
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